É um saco quando a mulher cisma em levar um homem ao shopping, pois todo homem, que é homem, odeia esse tipo de programa. Elas não entendem que o shopping é um antro de lojas, onde todas elas, até as masculinas, são voltadas ao público feminino. Ou elas acham que exista um homem capaz de usar uma blusa de lã rosa-choque jogada nos ombros e uma calça jeans envelhecida com fiapos dourados, desfiados, por todos os lados? Talvez um Alexandre Pires da vida.
O chope, que as mulheres usam como atrativo para o homem, sempre é caro e quente, o som, ambiente, nunca é samba, e sim alguém procurando a Valdyslene no Setor B. É proibido fumar, e as cadeiras, quase sempre fixas ao chão, não são ergonomicamente confortáveis para quem carrega um saco entre as pernas. E, cá pra nós, chope com crepe não combina.
Elas ficam loucas, e cegas, quando olham um manequim masculino, de corpo delineadamente perfeito, vestido com uma combinação de roupas “photoshopicamente” perfeitas e imaginam o companheiro naquele modelito. Entram na loja escolhem a mesma roupa da vitrine, num tamanho bem maior, e presenteiam alegremente o homem, muita das vezes pagando com o dinheiro dele.
Falando em dinheiro, o homem, geralmente, reclama dos sumiços repentinos do cartão de crédito da carteira, mas esse pequeno retângulo de plástico é primordial para a esposa aceitar a ir sozinha as compras, deixando o homem, em paz, bebericando num lugar com o chão não tão reluzente.
As promoções são como imãs de mulheres, mas quanto maior e mais chamativo o adesivo de promoção colado na vitrine, menor é o desconto. Essa armadilha é percebida na primeira vez que o homem vai ao shopping, elas não conseguem enxergar, ou não querem. Tanto é que já sabemos que quanto menos roupas expostas na vitrine, mais cara é a loja, pra elas, tudo é tão baratinho. Elas compram as roupas como estivessem numa competição.
Quando um homem precisa ir ao shopping, ele fica desarmado, sem ações e com uma constante cara de cachorro que caiu da mudança. Anda sem rumo, olha ao redor, sobe e desce as escadas rolantes, não consegue se localizar, sente falta do GPS do carro, passa mil vezes no mesmo lugar e nem ao menos percebe. Está ali somente com o intuito de comprar uma blusa, uma única e básica blusa, porém não é bem dessa forma que funciona.
Ele entra na loja, mas é como estivesse entrado no paraíso, pois a vendedora, estonteantemente linda, se aproxima e toda sorridente pergunta se pode ajudar.
– Ah! E como pode ajudar! – Exclamam, todos, sem exceção, por dentro.
Ele queria apenas uma blusa, mas ela achou que a calça jeans envelhecida com fiapos dourados e desfiados por todos os lados havia ficado tão linda nele, ele teve que comprá-la. Além, também, do cinto, da carteira e do boné da moda. Paga em dinheiro, nada de parcelas, só pra aparecer.
Mal sabem elas que, numa dessas lojas onde mulheres lindas e sorridentes atendem, o homem, quando responde sobre uma peça de roupa que a companheira escolheu, nunca, de fato, analisam a peça em si, o elogio é sempre direcionado à vendedora.
- Linda! Muito, muito linda!